Boa parte dos transplantes de córnea que acontecem no Brasil se deve ao ceratocone, embora outras intervenções cirúrgicas menos invasivas também sejam possíveis. Confira abaixo quais são elas e como elas funcionam.
O ceratocone já foi protagonista de dois outros textos aqui no blog. No primeiro deles, em que trouxemos algumas definições, explicamos que essa doença consiste numa alteração da estrutura da córnea, deixando-a com um aspecto de cone, e que ela pode se manifestar pela visão distorcida ou borrada, pela sensibilidade à luz e pela apresentação de diplopia (visão dupla) ou poliopia (visão múltipla). Feita essa breve introdução, apresentamos algumas formas de tratamento comuns que compuseram o segundo texto referente ao tema. Hoje, falaremos sobre os diferentes tipos de cirurgia que podem ser realizadas a partir do diagnóstico do ceratocone pelo seu oftalmologista: intervenção por crosslinking, intervenção por anéis intracorneais ou intraestromais, também chamados anéis de Ferrara e transplante de córnea.
O crosslinking corneano está baseado na combinação de um feixe de luz ultravioleta e da aplicação de um colírio à base de vitamina B2 (riboflavina) sobre a córnea. Juntas, essas técnicas têm por objetivo fortalecer as moléculas de colágeno da córnea a fim de manter a sua curvatura estável, diminuindo, assim, a progressão da doença. Idealizado na década de 90, a efetividade do crosslinking é o que tem feito dele uma das formas de tratamento mais avançadas em matéria de intervenções ópticas para o ceratocone.
Já em relação aos Anéis de Ferrara, sabe-se que a cirurgia é indicada para postergar ou até mesmo evitar o transplante de córnea em casos em que a reabilitação visual não é mais possível por meio dos métodos tradicionais, tais como óculos e lentes de contato. Eles nada mais são do que anéis de acrílico implantados na córnea com a finalidade de remodelamento da mesma fazendo com que o aspecto curvo torne-se mais regular, isto é, mais arredondado. Trata-se de um procedimento indolor o qual melhora consideravelmente a qualidade da visão, impedindo também o progresso da doença.
Por fim, temos o transplante da córnea, quando os casos de ceratocone em pacientes com a doença progressiva e avançada acabam não se beneficiando das técnicas sugeridas anteriormente. Esse transplante consiste na substituição da córnea comprometida pelo ceratocone por outra saudável de uma pessoa doadora, a qual fica disponibilizada num banco de olhos. Uma vez realizado o transplante, ressaltamos que esta cirurgia não tem por objetivo deixar o paciente sem óculos ou lentes de contato. Na maioria dos casos, será preciso fazer uso de lentes de contato rígidas a fim de manter a acuidade visual.
Em resumo, as opções indicadas para cada paciente dependem exclusivamente dos exames realizados por um especialista, uma vez que cada caso é único. Portanto, não deixe de visitar o seu oftalmologista a qualquer alteração ou desconforto em seus olhos. Ninguém perde a visão quando o ceratocone é devidamente tratado, mas para tanto é preciso seguir à risca os procedimentos mais indicados para você.